01 Sinfonia nº1 'Concerto Harmônico' (1991) para banda sinfônica
Banda Sinfônica do Estado de São Paulo
Roberto Farias, regente
Sinfonia nº3 (2006) para 8 violoncelos
02 I. Com intensidade
03 II. Moderadamente
04 III. Meio estático
05 IV. Piu mosso
06 V. Lento e misterioso
Ensemble Violoncelissimo
Dorel Pascu-Radulescu, regente
Estréia mundial no Festival “Meridian”. Bucareste, 8/12/2006
Sinfonia nº4 (2007) para 24 flautas
07 I
08 II
09 III
Orchestre de Flûtes Français
Alain Biget, regente
Estréia mundial, Salle Cortot. Paris, 14/02/2008
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Sinfonia 1
Sinfonias 3 e 4
(...)
Wellington Bujokas - Outra obra importante do mesmo ano é sua primeira sinfonia. Da mesma forma que Finismundo, ela parece exalar uma certa alegria, embora aqui de uma maneira muito delicada.
Harry Crowl - Conheci o trabalho da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo em 1989, através do flautista Aldo Barbieri que tocava lá na época. Ele me apresentou ao Roberto Farias que estava justamente fazendo um trabalho muito interessante com obras inéditas. Ele já tinha encomendado obras ao Ronaldo Miranda e ao Mário Ficarelli, além de ter apresentado a Sinfonia em Mi bemol para sopros do Hindemith. Quando vi a banda fiquei absolutamente fascinado. Aquele conjunto enorme com 8 flautas, 16 clarinetas, percussão a vontade, piano,celesta, harpa, etc. Tudo a que tinha direito! E o Roberto Farias me deu a maior corda. Durante um ano, não fiz muita coisa a não ser pensar na sinfonia para banda. Fiquei pensando em como escrever algo que não fosse uma simples adaptação da orquestra sinfônica para a banda, mas algo que soasse novo, como uma verdadeira orquestra de sopros e percussão ampliada por teclados e contrabaixos. (...) Na época, estava bem interessado nas técnicas utilizadas por Messiaen, na Sinfonia Turangalîla, por Lutoslawski, na Sinfonia nº3, e por Villa-Lobos, no Choros nº8. Pensei em fazer a obra como um espelho, ou seja, relacionando as 7 partes da seguinte maneira: 1-7; 2-6, 3-5, 4. Porém, a idéia de escrever uma obra formalmente previsível me apavorava também, pois queria trabalhar com uma estrutura não linear. Portanto, utilizei, acho que pela única vez, a idéia de ritmos retrogradáveis e não retrogradáveis, simétricos e assimétricos e de uma certa maneira, mantive nas relações entre os movimentos os ritmos espelhados. De qualquer maneira, o que acabou predominando foi o aspecto dramático da obra, em que vários "flashes", ou lampejos, aparecem em seções como o Noturno (2), para 8 saxofones, piano, tímpanos e contrabaixos ou, no Moderato (3), onde uso 2 flautins, 3 oboés, corne inglês, 3 fagotes, ampla percussão com 5 executantes. A nº4 é a mais estática de todas as seções, inclusive é esse o nome do andamento. Nesta seção, utilizo um sintetizador com indicações de um timbre aveludado e outro brilhante, que não imitem instrumentos que já existam. O que provou ser uma complicação, porque o intérprete sempre entendia que eu queria um órgão. Na 5ª seção, escrevi algo meio parecido com um "scherzo" para harpa com todos os teclados e percussão, com incursão de 4 saxofones para lembrar a 2ª seção. A 6ª seção se relaciona com a 2ª através do caráter contemplativo do quarteto insólito formado pelo oboé, bombardino, tuba e harpa. Voltando um pouco ao 2ª movimento, naquele Noturno de alguma maneira, quis descrever a paisagem que via da janela da minha sala em Ouro Preto, que é um lugar extremamente acidentado e, à noite, via do ponto mais baixo da cidade, onde morava, as luzes de algumas casas e as igrejas como se estivessem penduradas no espaço. Já a 5a. seção é o trânsito de São Paulo para voltar à quietude das montanhas na 6ª seção. A 3ª seção é uma imagem de como o som da charamelas reais deveria ser, com predominância de palhetas duplas e percussão. Na última seção, o tema do início, nas trompas volta, só que num andamento mais acelerado depois de um coral no metais, que é uma homenagem ao compositor americano Carl Ruggles, contemporâneo de Ives, que escreveu as obras Men and Mountains e Sun Treader, para orquestra, e faz um uso dos metais em coral com uma sonoridade um tanto rústica.
E há algum razão especial para ter decidido por essa forma espelhada?
O uso da forma espelhada foi uma maneira que pensei para que a obra, que dura mais ou menos 35 minutos, mantivesse uma unidade. Do ponto de vista ideológico, achei que se Messiaen tomou emprestado de Villa-Lobos o efeito do tantã, que também uso para finalizar a sinfonia, eu poderia também pegar emprestado dele essa técnica dos ritmos. Porém, as semelhanças da Sinfonia nº1 com a Turangalîla são muito longínquas. O pensamento de Messiaen é linear, e ele estava mais preocupado com questões filosóficas.
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