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quinta-feira, 8 de março de 2012

Fernando Mattos - Obras Selecionadas

Os nossos ouvintes mais assíduos já tiveram a oportunidade de ter um primeiro contato com a música do Fernando Mattos através deste brilhante CD da Luciane Cardassi. Fernando, natural de Porto Alegre, é compositor, instrumentista, arranjador, musicólogo, professor na UFRGS, e teria se saído um bom etimólogo também: basta assistir uma aula dele para perceber sua enorme paixão pelas palavras e suas histórias. Hoje, concentra-se especialmente em composições tonais e modais, apesar de já ter excursionado pelos campos da música atonal, serial e eletroacústica. A seleção que aqui apresentamos foi gentilmente indicada pelo próprio compositor. Inicia-se com três arranjos, um deles de uma obra de Luiz Cosme, a Oração à Teiniaguá já postada aqui em sua versão original para violino e piano. As Parcas está originalmente no CD "I" do violonista Paulo Inda e as canções trovadorescas em verdade não formam um ciclo, são peças autônomas, as três compostas especialmente para o Conjunto de Câmara de Porto Alegre, grupo do qual Fernando participou ativamente. As gravações ainda incluem um fantástico Concerto Tríplice, para três violões e orquestra, um duo para violão e violoncelo, uma toccata para violão solo, certamente sob a influência daquela em Ré Menor de Prokofiev, para piano, e uma encantadora coletânea de "melodias folclóricas brasileiras de temática animal", para flauta-doce e viola. Vale a pena conferir também o completo canal no youtube e uma entrevista concedida à Rádio da Universidade, disponível aqui. No final do post, há informações complementares sobre as obras. Uma excelente audição!





1 - Oração à Teiniaguá (Luiz Cosme/arr. Fernando Mattos)

Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro
Lutero Rodrigues, regente

2 - Choro Torto (Carlos Branco e James Liberato, 1983, adaptação para instrumentos antigos de Fernando Mattos)
Conjunto de Câmara de Porto Alegre

3 - João e Maria (Sivuca & C. Buarque/arr. Fernando Mattos)
Grupo Vocal D'quina pra Lua

4 - As Parcas, canção noturna para violino, violão e violoncelo
Cármelo de los Santos, violino
Paulo Inda, violão
Rodrigo Silveira, cello

5 - Ao Conjunto de Câmara de Porto Alegre (texto de Raul Abott Barbosa, 1997)
6 - O filho doutro no colo (texto de Estêvão da Guarda, 1347)
7 - Dized', amigu', en que vos mereci (texto de D. João Peres de Aboim, trovador de D. Afonso III, 1210-1279)

Conjunto de Câmara de Porto Alegre
Janaína Condessa, instrumentos de sopro - flauta doce
Flávia Domingues Alves, alaúde
Marlene Hofmann Goidanich, voz - percussão
Marina Kleine, rabeca medieval
Christian Benvenuti - dulcimer

Concerto Tríplice
8 - A'wa-sa'i
9 - Y-îara
10 - Mbaeta'ta

Daniel Wolff, violão
Paulo Inda, violão
Thiago Colombo, violão

Orquestra de Câmara da Ulbra
Tiago Flores, maestro

Cordas I
11 - Cordel
12 - Corda d'água
13 - Corda de dança
Rodrigo Silveira, cello
Paulo Inda, violão

14 - Toccata II
Eduardo Castañera, violão

15 - Un'altra ciaccona
Orquestra de Câmara da Ulbra
Tiago Flores, maestro

Primeiro Bestiário Brasileiro
16 - Entrada (Opening)
17 - Galinhame no Quintal (Backyard Chickens) -- melodias folclóricas (folk melodies): Canto Antigo e Olê, Roseira!
18 - O Pastoreio (Pastoring) -- melodias folclóricas (folk melodies): Curral do Boi Canário, Ai, Meu Boi!, Sou eu Quem Amansa o Touro e Levanta-te, Boi!
19 - Olhe a onça! (Care of the Jaguar!) -- melodia folclórica (folk melody): A Onça e os Padres
20 - Cavalhada (The Riding) -- melodias folclóricas (folk melodies): Correnteza e Toada mineira
21 - Passaredo (The Birds) -- melodia folclórica (folk melody): Guriatã
22 - A Festa do Boi (Cow Festival)-- melodias folclóricas (folk melodies): retiradas de dois Bumba-Meu-Boi
23 - Lendas do Mar (Sea Legends) -- melodia folclórica (folk melody): Reisado da Sereia
24 - Baile Noturnal (Night Dancing) -- melodias folclóricas (folk melodies): Meu Guriabá e Pulga Maldita!
25 - Despedida (Finale) -- melodia folclórica (folk melody): Incelência da Despedida

Renata Duarte, flauta-doce
Luciano Gatelli, viola




As Parcas (Canção Noturna)
As Parcas são as três irmãs fiandeiras que determinam o destino humano por meio de um fio que a primeira tece, a segunda desdobra e a terceira corta. Em "As Parcas", a linha da vida aparece como uma melodia que desliza de um registro a outro, enquanto o destino progride através da sucessões de elementos rítmicos e harmônicos até que o fio virtual seja interrompido conforme o desejo das fiandeiras.

Canções Trovadorescas
Estas peças foram escritas como se escrevia na Idade Média, a melodia da voz está totalmente delineada e a parte dos instrumentos são só sugeridas, para que os músicos improvisem. Portanto, podem ser feitas de várias formas e instrumentações diferentes.

Concerto Tríplice
O Concerto Tríplice para 3 Violões e Orquestra foi escrito por Fernando Mattos em 2009. A gravação aqui apresentada é uma apresentação ao vivo da Orquestra de Câmara da ULBRA. O regente é Tiago Flores e os solistas são Daniel Wolff, Paulo Inda e Thiago Colombo. A'wa-sa'i, título do primeiro movimento, é um deus indígena brasileiro que encanta as pessoas e as faz comer e beber muito. Por ser um deus da embriaguez, A'wa-sa'i é um tipo de Dionisio da mitologia indígena do Brasil. Y-îara é uma bela deusa que vive nos rios. Quando a vêem se banhando à margem de um rio, os homens apaixonam-se por ela e se atiram nas águas em busca de seu amor, porém são levados ao fundo, onde são afogados. Y-îara é uma espécie de sereia da mitologia indígena brasileira. Na mitologia indígena brasileira, Mbaeta'ta é uma cobra de fogo que protege as florestas, as plantas e os animais de ações humanas ou das intervenções divinas, como raios e tempestades.

Un'altra Ciaccona
A peça Un’Altra Ciaccona (a Krzysztof Wiernicki) foi escrita para a Orquestra de Câmara da ULBRA, especialmente para a abertura do Festival Contemporâneo-RS de 2007. A música foi concebida como uma continuidade de outra peça para orquestra de cordas, Quasi una Ciaccona, na qual a música termina no momento em que iria ter início um movimento de chacona.
A chacona é um gênero de dança, em compasso ternário e andamento lento, que os colonizadores espanhóis escutaram no Novo Mundo (presumivelmente, entre os Astecas) e levaram à Europa, onde foi cultivada pelos músicos do Período Barroco. Apreciadas pelos italianos, alemães e ingleses da primeira metade do século XVIII, as chaconas de Vivaldi, Bach e Haendel tornaram-se conhecidas nos cinco continentes.
Un’Altra Ciaccona começa com uma linha de baixo dodecafônica, com o ritmo característico de chacona. Esse tema é inicialmente apresentado pelo violoncelo solo, sendo que os outros instrumentos entram aos poucos, até completar efetivo orquestral. Todas as seções estão organizadas como variações sobre este baixo inicial, como é típico na chacona e na passacalha. A sonoridade da orquestra é elaborada em vários níveis, desde a divisão tradicional em naipes e o uso de partes individuais, até uma seção em que cada instrumento é tratado como solista.
A música ainda contém alusões a diferentes estilos, tais como a música barroca, a música popular e a música minimalista. Próximo ao final da peça, há referência a uma melodia cigana, como uma música distante apresentada como homenagem a Krzysztof Wiernicki (pesquisador da música e costumes do Leste europeu, com atenção especial às manifestações da cultura cigana), a quem a peça é dedicada.

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