- Paulo Rios Filho
- Jean Menezes
- Paulo Costa Lima
- Alexandre Espinheira
- Vinícius Amaro
- Wellington Gomes
Camará – Conjunto de Câmara da UFBA:
Flávio Hamaoka, flauta
Gueber Santos, clarinete
Davysson Lima, saxofone alto
e tenor
Vitor Rios, banjo e bandolim
Vitor Rios, banjo e bandolim
Gilson Santana, violão
Humberto
Monteiro, percussão
Samuel Dias, violino
Samuel Dias, violino
Adalberto Vital Neto, violino
Suzana Kato, violoncelo
Fernanda Monteiro, violoncelo
Fernanda Monteiro, violoncelo
Paulo Rios Filho,
direção artística e regência
1. Paulo Rios Filho | nav tirs nekadus hibridus n. 2
(2011): “Nem puro, nem híbrido”. Esse é o significado do título da música, em
letão. Trata-se da imaginação de um anti-mundo, onde as coisas não são coisas, e
da percepção de uma viagem ou trajetória travada pelos, ao mesmo tempo, nativos
e criadores desse mundo. De um lado, uma entidade musical familiar (uma escala
dórica) segue um caminho de autotransformação, numa viagem alucinante em direção
à sua própria figura deformada – quando deixa de parecer familiar. Do outro, uma
entidade musical da natureza (a série harmônica) se artificializa à medida que
se aproxima de um ponto no futuro (e vira uma escala de tons inteiros). Ambas as
personagens viajam no mesmo sentido, o da transformação, e os seus percursos se
misturam, se entrelaçam, se esfregam e friccionam; se acariciam. Ouça, pois esse
outro mundo somente pode ser ouvido. As imagens ficam por conta de cada
um.
2. Jean Menezes | O Conforto (apesar do tombo)
(2011): Apesar dos momentos de tensão instrumental específicos e bem pontuados,
esta peça procura criar texturas e evoluções harmônicas a partir de materiais
bem simples e elementos métricos facilmente identificáveis (às vezes nem tanto
assim, como é de se esperar). A familiaridade auditiva criada em momentos
prolongados é diretamente proporcional à proximidade do passo em falso.
Vale a pena disfarçar o esforço concentrado em breves momentos
para manter a consistência? Ou devemos chamar a atenção para o choque e ceder à
gravidade? A zona de conforto mora mais perto de qual extremo?
3. Paulo Costa Lima | Ibejis Nº 2 (2011): a peça vai
batizada pelo signo dos gêmeos africanos,
e assim como a peça de mesmo nome, escrita 50 obras atrás, realiza
um exercício de complementaridade - texturas que vão sendo montadas a dois,
jogos rítmicos, brincadeiras e desafios entre parceiros de caminhada...
4. Alexandre Espinheira | Oxowusí (2011): A peça
Oxowusí é mais uma da série escrita por Espinheira que explora os ritmos
populares da Bahia como forma de gerar material pré-compositivo para a obra.
Nela um ritmo tocado para Oxóssi em algumas nações de candomblé dá origem aos
conjuntos de classes de notas que controlam além das alturas da peça, uma série
de outras decisões. Subliminarmente, um cântico do mesmo orixá regula o esquema
de transposições, além de permear toda a obra. Essa peça foi oportunamente
escrita como parte da tese A Teoria Pós-tonal Aplicada à Composição Musical: Um
guia de sugestões compositivas. Em Oxowusí são exemplificados diversos
procedimentos abordados pelo autor em seu trabalho de doutoramento a ser
defendido em breve.
5. Vinícius Amaro | Gigitanas N. 0,5 ou ½ (Frenesia)
(2011): Composta a partir de um pedido feito pelo bandolinista Vitor Rios e
concebida como uma espécie de estudo, a Gigitanas No. 0,5 ou ½ (Frenesia), para
bandolim solo, é costurada, em quase sua totalidade, por um esquema cromático de
condução de vozes. Dividida em três pequenas partes com concepções sonoras um
tanto distintas, e uma última que recapitula as ideias iniciais, a obra explora
sonoridades idiomáticas e outras não tão típicas do instrumento, além de alguns
sons produzidos pelo próprio instrumentista que podem ser fundidos na ideia
instrumental. Sob uma construção métrica que tende a ser desconstruída em todos
os momentos, a peça evoca um estado de ansiedade típico da personalidade de boa
parte dos homens urbanos, e brinca com células rítmicas do arrocha baiano e com
uma pequena ideia melódica da música "Time And Motion" da banda canadense de
rock progressivo Rush.
6. Wellington Gomes | Modos Imagísticos (2011):
Modos Imagísticos foi composta com base nos três modos de tranposição limitada
(1º modo: tons inteiros; 2º modo: tom e semitom; 3º modo: um tom e dois
semitons). Aliados a esses modos, uma sucessão de acordes que vai da tríade
perfeita ao cluster, ou vice-versa, cria uma estrutura harmônica que se repete e
ou se transforma à medida que a rítmica delineia a gestualização musical. A
intenção em geral é criar um imaginário sonoro que se movimente com certa
fluência numa pulsação constante.
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